domingo, 15 de março de 2009

TRISTE VENTO, SOPRA LEVE

Foi o vento que triste virou sopro, pois vento masculino é, insiste em ser forte para impressionar a bela árvore que calma recebe brisa nas folhas.

Confuso vento, segue a soprar sentindo que um dia conseguirá encantar aquela pela qual por anos vem jogando seus melhores esforços, dilatando para todos, sem medo de mostrar todo seu poder, sem pudor de demonstrar sua intenção para com todas as folhas da bela, grande, sabia e por que não insistir, bela árvore.

Nascida foi a anos na beira de um lago que aos poucos secou-se, despercebida pelo tempo ficou até que um dia o vento a achou, calada pois era, não mostrava gostar dos presentes soprados pelo vento, mas ainda vivia sem pedir que ele parasse e a deixasse viver naquela extinta margem.

O vento seguia confuso, não sabia mais o que pensar. O que poderia ser surpreendente para a árvore a ponto dela ao menos esboçar alguma reação? Negativa ou positiva, o vento precisava de uma certeza dentre todas as dúvidas que permeavam cada sopro durante o dia.

Decide-se cansar de tanto soprar, largaria toda sua juventude, sopraria toda sua força para aquela linda árvore. Assim fez, soprou de um lado para o outro por dias, feito louco tonto soprava sem parar, até que seus esforços se confrontaram numa força sem igual, um girar de ventos canalizados num grande furacão de sentimentos soprados pelo vento, girava bonito, mas por onde vinha passando levava junto tudo, chegando perto da árvore, tal vento parou e disse "O que achas minha linda ? Impressionada ?". Pela primeira vez o saudoso vento ouviu algo daquela árvore (linda) "Sim, estou muito surpresa e feliz. Sinto que me levará a vida e não mais sofrerei a ausência daquele que tanto amei."

Atordoado, essa é a definição exata para o que o vento sentiu ao ouvir aquela voz angelical, não entendeu o que ela queria dizer, mas antes que ele tentasse entender a árvore prosseguiu com o agradecimento e contando sua breve história, "Vivia perto daqui na copa de minha mãe, cresci observando do alto o belo lago que aqui reinava, quando enfim pude me desprender da minha mãe, fiz questão de me alocar aqui para apreciar a beleza daquele que amo desde o inicio, deitava folhas sobre tua face, beijava sementes e cheiros por suas gotas. Não fosse ele ter morrido, estaríamos juntos até hoje. Mas agora veio o senhor me aliviar dessa dor, me levará e um dia tenho certeza que viverei novamente junto ao meu amor."

O vento engoliu por instantes o grande furacão, mas amava tanto aquela árvore que a arrancou com toda sua força, derrubando-a sobre o solo que vivia o lago. Em prantos ficou o vento, mas sabia ter feito a coisa certa.

Percebeu que quem ama árvore bela deve saber quando a derrubar, quando a deixar crescer e quem sabe até quando aceitar folhas ao rosto.
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Não busque sentido por aqui.